O resultado desta maratona foi que, mais uma vez não terminei por completo as 24 páginas, mas posso dizer que estão todas esboçadas e que 11 estão já com arte-finalizada. Embora não tenha completado o desafio, já fico contente com o resultado, pois 11 páginas finalizadas para mim já são muita coisa e especialmente porque tenho as restantes 13 já em avançado estado de delineação.
A verdade é que poderia ter feito mais, mas não fiz por uma razão: quis que as páginas ficassem finalizadas com qualidade. Isto foi uma decisão que tomei no momento e não estava planeado. Se tivesse seguido com o plano original (que está de acordo com o desafio) então provavelmente tinha conseguido fazer a arte-final nas 24 páginas, mas como decidi dedicar-me mais aos detalhes, acabei por demorar bastante mais tempo do que seria suposto ‘gastar’ em cada página. Repito, não foi planeado, mas foi deliberado. Daí eu estar satisfeita (em parte) com o resultado.
Claro que, tendo em conta o verdadeiro espírito do 24HC, eu falhei, redondamente, mas não se pode vencer sempre e mais vale uma vitória parcial do que vitória nenhuma (e 11 páginas já são um grande avanço para quem tem andado tão afastada da BD, à excepção da “Garnath e a Bola de Cristal”).
Para os curiosos, fica um resumo do que se passou nas 24 horas:
- Eu e o Rui Alex começamos a maratona às 9h30, sintonizando-nos através do Skype, por onde mantivemos contacto todo o tempo;
- Não fiz as thumbnails de todas as páginas e decidi antes começar de imediato a esboçar as 24 páginas seguidas, com intenções de assim que estivessem as 24 delineadas, avançar para o desenho de pormenores e arte-finalizar.
- As costas começaram a dar sinais de dor a partir do meio-dia, altura em que decidi levantar-me mais vezes para não massacrar tanto a coluna. Ajudou! (e felizmente a cadeira este ano era infinitamente mais confortável que no ano anterior; outra coisa que também ajudou imenso foi a mesa de luz usada como apoio, que por ser inclinada/levantada permitiu uma posição de desenho mais confortável)
- Por volta das 16h30 terminei os esboços das 24 páginas e comecei de imediato a trabalhar nos detalhes e arte-final da 1ª página.
- Quando terminei a arte-final rápida da 1ª página e me preparava para passar para a 2ª, fiz uma pausa e foi nesse momento que decidi voltar à 1ª página e adicionar-lhe mais pormenores, desta forma colocando em causa a rapidez do processo. À medida que as horas iam passando e eu pouco ia avançando, arrependi-me um pouco da minha decisão, mas mantive-me no ‘caminho’, arte-finalizando as páginas com cuidado e sem grandes pressas (embora tentasse andar o mais rápido que conseguia).
- Eram 3h da manhã quando comecei a ficar indisposta, mas ignorei os sintomas, tentando sempre fazer mais, na esperança de pelo menos terminar a arte-final de 12 páginas.
- Às 5h, depois de finalizar a 11ª página de BD, consumida por enjoos, decidi ir dormitar uma hora, para ver se o meu corpo se acalmava.
- Às 6h15 levantei-me e tentei voltar ao trabalho, mas rapidamente percebi que não só os enjoos persistiam, como estavam cada vez piores. Teclei com o Rui Alex e expliquei-lhe a minha situação. Ele também estava adiantado, mas já começava a ficar cansado. Eram 6h30 quando decidimos terminar o desafio por ali. 21 Horas depois de começarmos.
Não foi uma decisão fácil, até porque detesto desistir tão perto do final, mas tentei desenhar e estive prestes a cair sobre a folha, não de cansaço (que este ano, felizmente, teria até conseguido manter-me acordada as 24h), mas com culpa dos enjoos. Sabem aquela sensação de vertigem acompanhada de náuseas? Foi isso e foi horrível. Na manhã seguinte ainda não estava muito melhor, mas pude analisar o trabalho final e fiquei mais … satisfeita (apesar de que teria gostado de completar as 24 páginas). Claro que entre todos estes momentos parei várias vezes para comer, esticar as pernas, fazer uns minutos na máquina de ginástica, etc.
E agora, se não estiverem à espera de nenhuma maravilha (que o meu talento não dá para mais), ficam aqui três páginas da BD, respectivamente pág. 1, 2 e 11, sem balões:
Pág. 1 - Com a escola de formato esquisito. Segundo painel tem o grupo quase todo. Estão a almoçar (no terraço), caso não seja perceptível. Nas últimas duas vinhetas temos a Rie e o Unkei (a comer). |
Pág. 11 - Com o Unkei a visitar a terra dos sonhos, enquanto os miúdos jogam ferozmente na consola. Na segunda vinheta aparecem o Eisen e a Kaori. |
Analisando de forma objectiva a minha prestação, posso dizer quais os “erros” que cometi nesta maratona e que tornaram impossível a vitória. A razão porque pus as aspas é simples: Todos (ou quase todos) os “erros” foram conscientes e daí que a partir de um certo momento, eu tenha-me convencido que ou apostava na qualidade ou na rapidez e tenha escolhido a qualidade. Fica aqui então a lista de “erros”:
- Demasiadas vinhetas por prancha (quadradinhos por página”. - Ou seja, em vez de seguir os meus próprios conselhos e tentar nunca fazer mais que 2-4 vinhetas por prancha, tive páginas em que fiz 6-7 vinhetas. Isto fez com que o processo fosse muito mais moroso;
- Demasiados diálogos. – Pode não parecer, mas quando se escreve os diálogos à mão, quantos mais se puser nas páginas, mais tempo se demora a completá-la.
- Demasiadas personagens. – Culpa de esta ser uma história que eu já ‘conheço’ e daí eu querer introduzir quase todas personagens de uma assentada. Em termos de história até consegui um equilíbrio muito curioso, mas em termos de desenho, ter de desenhar 10 personagens em cada vinheta durante não sei quantas páginas … é dose!
- Demasiados fundos não-familiares. – Eu nunca neguei que não tenho jeito nenhum para desenhar fundos, agora imaginem-me a ter que desenhar uma escola, dois dojos, uma casa velha, um aeroporto, um parque e um capo de futebol. Yup … eu não pensei muito bem na trabalheira que isto iria dar antes de me meter a mudar de cenário na BD.
- Demasiado cuidado com a arte-final (preencher os negros, fazer efeitos catitas, desenhar todas as pregas nas roupas, etc) – Isto é matar a rapidez.
Em suma, o que eu deveria ter feito para conseguir as 24 páginas:
- 2-4 vinhetas por prancha - Diálogos simbólicos e reduzidos
- 3-4 personagens centrais - Poucas mudanças de cenário e quando os há, escolher cenários não muito complexos, ou com os quais o desenhador já está familiarizado (em termos de desenho)
- Na arte-final, não perdurar nos detalhes. Simplificar, simplificar, simplificar! (de preferência usar só 1-2 canetas)
O mais curioso é que eu fiz isto tudo no primeiro ano (2008), com a BD “Much Too Late” e foi por isso que nesse ano consegui completar as 24 páginas. Mas claro, com isto a BD também perdeu um pouco de qualidade e em termos de história, digamos que não foi o meu momento mais brilhante (ou não tivesse a história sido pensada no momento).
Enfim, a "derrota" não é suficiente para me dissuadir de voltar a repetir a maratona no próximo ano (se tudo correr bem). Acho que é sempre uma experiência compensadora (mesmo quando se faz sozinho, mas sempre melhor quando se tem alguém para partilhar as vicissitudes do desafio).
Por último quero dizer que a BD que fiz neste 24 Hour Comics vai ficar disponível online, tal como aconteceu com os anteriores resultados do 24 Hour Comics: Much Too Late e Garnath e a Bola de Cristal. No entanto, como nesta altura estou ocupada em terminar o Garnath e a Bola de Cristal, decidi apenas publicar este "Lobo & Dragão - Prólogo", quando terminar as 24 páginas do outro.
Ou seja, quando a última página de Garnath e a Bola de Cristal estiver online, começo a publicar novo webcomic. Segundo as minhas contas será no início de Janeiro do próximo ano. Parece muito tempo, mas passa num instante (especialmente para mim que tenho de trabalhar nas duas).
1 comentário:
mais um vez, gosto bastante do que vejo, Ana
apesar de nao termos terminado as bds, foi um imenso prazer e para o ano podes contar comigo :)
(achei que seria engraçado eu também fazer um resumo no meu blog, ver aqui)
Enviar um comentário